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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Terceira pessoa do singular.



Gostava de brincar de ser séria e dar conselhos.  
Gostava das modernidades da vida, entregava seu corpo e jamais o coração.  
Ela gostava de correr, correr do amor e de sentir o vento baguncando seus cabelos. 
Ela gostava de abraçar, abraçar oportunidades e sentir o mundo nas mãos.
Ela não só gostava de sorrir, ela amava, amava ser correspondida, escondida,  viver a sua sina. 
De azedar as coisas, de resolver problemas e entrar em ciladas. 
De se enroscar em respostas, desenrolar em perguntas, de ter certeza. 
Não tinha nada que ela gostasse mais do que rodar o mundo,  sonhar no escuro e ser notável a luz do dia.

Gostava do silêncio da noite e do barulho do trânsito. De música baixa, dizia que refletia na melodia,  inventava uma versão só sua. Mas também gostava de gritar suas partes preferidas. E amava dançar nas melhores batidas. 
Dançava e desligava,  desligava a gravidade,  flutuava, sorria, girava,  cair em si ela deixava pra depois, sempre deixou.

Só caia em si sozinha, numa rua sem saída,  quando o copo transbordava,  ai caia e depois chorava, não rodopiava e nem sorria, tinha que esgotar para não retornar tão cedo.
Caia pra recuperar energias,  pra se colocar no lugar.
Se montava,  da cabeça aos pés,  de corpo e alma e tornava a gostar.
Gostar de céu estrelado,  de banho de chuva, de voltar pra casa e dia cheio. 
De se fazer de difícil,  de dificultar sua vida.

Deixa ela, ela gosta mesmo é de viver.  Caindo, girando,  errando,  um dia ela aprende. Ou quem sabe já até não aprendeu? 
Ela assim, gosta de  fazer de tudo e todos um momento só seu.

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