Páginas

domingo, 21 de julho de 2013

Permita-se


Eu preciso saber se você vai tentar, é só decidir se sim ou não. Nada muito complicado. 

É que você sabe, comigo  é tudo ou nada. É preto no branco e fim de papo. Não sei viver nesse meio termo que você chama de relacionamento. Ou você está dentro ou não está. Não gosto dessa sensação da pessoa encostada no batente da porta. Ou sai e tranca. Ou entra e fica. 

Tomar essa decisão é difícil, eu sei, depois de entrar em tantas portas, ver que elas bateram e você foi posta para fora, você passa a trancar seu coração. Tranca, faz muro, coloca grade e sentencia como culpado qualquer um que tentar ultrapassar o limite de segurança. 

Eu sei que assusta eu chegar assim do nada te prometendo amor como eles fizerem, eu sei. Mas eles roubaram seu coração, eu estou pedindo. Coração roubado nunca é bem cuidado, porque ele é entregue as pressas, sem jeito, é recebido sem tato, sem preparo. Mas se eu te peço você pode entregar aos poucos, primeiro remover a grade, quebrar o muro e por fim abrir a porta. E ai eu entro devagar, sem correr para não te assustar, seguindo o caminho e não pisando na grama. Eu bato na porta e você abre. Sem susto, sem quebrar nada, sem machucar. 

Ou se você achar mais seguro que eu não entre, você pode passar pro lado de cá, a porta eu já deixei aberta.
Você vai descobrir que do lado de cá também bate um coração machucado mas que prefere continuar livre para tentar outra vez. Se quebrar a gente cola, remenda, uma hora alguém vai saber como cuidar dele, quem sabe esse alguém não é você? 

Para entrar você só precisa deixar o que pertence ao passado lá fora, no passado. Você não tem como prever se vai dar certo ou não, você tem que tentar, se jogar mesmo, não ter medo de  arriscar. 

Vem menina, eu seguro sua mão. Fecha essa porta e vem pro lado de cá. Ou abre a porta e me deixar descer do murro, me deixa tentar.

Só decida. Me permita. Se permita. 

sábado, 13 de julho de 2013

Chega de tentar




Para minha surpresa, você me ligou, eu hesitei um pouco mas atendi. Foi um diálogo rápido: 

- Estou com saudades.
- Não, por favor.
- Estou com saudades.
- Para. sem essa.
- Você sabe onde eu vou estar, vem, por favor. Estou com saudades
- Não é cer...
TUTUTUTUTU

Você desligou, não me deixou terminar, mas a sua voz não saiu da minha cabeça.  Eu também estava com saudades. 
Parecia que ia ser fácil me livrar de você, eu só precisava mexer um pouco dentro de mim, achar as lembranças que havia escondido, pegar tudo, lixo e fim. E foi ai que me enganei, no meio da bagunça, eu esbarrei em você, meio sem querer, uma lembrança qualquer entre a primeira vez que falei com você e a última, ou seja, tudo que vivemos. Eu sabia que não me faria bem e eu tinha decidido desde que você se foi que "eu primeiro, depois você", isso se viesse você, porque não deveria ter você.  

Até deu saudades, mas não te liguei, sabia que não deveria. É, eu tinha seu número ainda (apagar da memória interna é mais difícil que apertar uma tecla e excluir do celular) mas me segurei em digitar aqueles números outra vez. 

 Eu também queria te ver e agora sabia onde te encontrar. Pensei muito, pensei tanto que quase desisti. Mas por fim liguei o foda-se e seja o que Deus quiser. Eu fui. Não quero pensei no que achariam. Eu fui. 

Continue repensando a ideia durante todo o caminho. Você estaria no nosso restaurante preferido, na hora do almoço como de costume. Mas agora parecia tão errado. Olhei da porta e lá estava você, encostado no balcão como da primeira vez. 

Droga, minha camisa favorita. Droga, a aliança da outra. Droga, menina o que você  está fazendo? Volta, que isso não vai acabar bem. É melhor voltar. Isso, boa garota. 
Virei e já ia fazer o caminho de volta. Eu estava decidida quando senti uma mão me puxar pelo braço. 
Droga, desse jeito não. Droga, não essas mãos.  "Ei, não vai. Estou com saudades." Droga, não essa voz. Me virei e droga outra vez, meus olhos encontraram os seus. Eu também estava com saudades. Do seu olhar. Do seu abraço. Da sua voz. De nós dois sendo um só. 

Não aguentei. Me rendi.

E agora estou aqui pensando na burrada que eu fiz. Eu não consigo resistir. Meu sorriso pra você sai fácil, mais rápido do que consigo me controlar. Nós dois não conseguimos nós controlar  na verdade, olha só onde paramos. Nós dois outra vez na mesma cama. 

Logo eu, tão correta, me deixando levar pelos seus passos tortos. Eu nem deveria ter vindo e você sabe. Não deveria ter existido aquele olhar, aquele beijo e nem todo o resto. Para você parece tão fácil, mas não pra mim, eu não consigo fingir que aquela aliança não está ali.

Você vem cheio de promessas, cheio de amor, mas não dá para remendar o que foi rasgado da maneira como rasgamos. Pode ter tudo como da primeira vez, mas não é mais a primeira tentativa. Não tem nós, tem muita gente nessa, não somos mais só eu e você, precisamos entender isso. 

Ah, e eu  espero que tem alguma Carla no seu trabalho, quando eu estava saindo chegou uma  uma mensagem dela no celular e eu respondi dizendo que você havia esquecido o celular em cima da mesa quando saiu para almoçar. Desculpa, não resisti. 

Beijos e não me liga mais. Não, não tem por favor, é uma ordem. 

terça-feira, 2 de julho de 2013

Próximo passo


Eu superei. É verdade. Não me dói mais como doía. Mas agora estou meio confusa porque não sei o que acontece depois que a gente supera.

Foi acontecendo aos poucos. Eu nem me dei conta. Depois que tudo aconteceu, um fim tão rápido como o começo, eu me entreguei à dor. E nem me dei conta de como as cosas se ajeitaram.  Mas, será que foi um final mesmo? Eu tenho minhas dúvidas. 

Mas como eu disse tudo aconteceu tão silenciosamente que nem percebi. As músicas voltaram a ser apenas palavras formando frases aleatórias, não pareciam mais uma narrativa da nossa história. Acordei um dia e tive vontade de recolocar as nossa fotos no meu mural, afinal você aconteceu pra mim. Eu parei de me lamentar nas redes sociais, o que era ridículo por sinal. Voltei a rir dos posts melodramáticos do facebook. E eu também fui pela primeira vez depois de tudo ao nosso bar e sorri quando lembrei de você todo sem jeito me pedindo em namoro. 

 Ah, e a dona Silvia, aquela senhora do térreo lembra?! Ela me perguntou do rapaz de sorriso bonito que eu andava e ao invés de sentir raiva dela, de você, ter vontade de chorar e falar que esperava que você tivesse ido para a puta que pariu, eu sorri e disse “ele está bem, Dona Silvia.”. E quando ela questionou se você era meu namorado, eu sorri outra vez, ao invés de desabar como eu vinha fazendo, e disse "não mais, dona Silvia.". 

Isso é superar não é? Eu acho que sim...

É difícil admitir, mas depois que a poeira baixou, a raiva passou e eu repensei tudo, eu achei a nossa história linda. E eu gostei de lembrar de você, das suas piadas. Eu senti saudades. Porque nossa história é linda mesmo. A forma como nos amamos intensamente, como eu me entreguei pra você além do corpo como eu costumava fazer, por medo de me machucar, e como você me recebia de forma tão segura que me mostrava que você não me machucaria nunca.

O final não combina muito com todo o resto, mas fazer o quê? Escolhemos mergulhar de cabeça em um amor fundo demais. E mesmo percebendo que poderia ser perigoso, continuamos a mergulhar cada vez mais fundo, deixamos faltar o ar. Fomos nos sufocando aos poucos, de maneira silenciosa. E quando nos demos conta do erro e decidimos voltar pra puxar mais ar, a pressão já era grande e machucou. Quisemos subir rápido demais e não suportamos a dor que nos pegou de surpresa. E ao invés de admitir que erramos juntos, colocamos a culpa um no outro. 

Mas agora eu quero sua companhia, sua risada, sua mente aberta, quero você sabe?! Quero de verdade. Só não sei se é isso que se deve fazer depois de superar um término (ou uma pausa) dolorido. 

Por isso vim aqui te procurar, talvez você saiba o que fazer. 
Se souber, me liga mais tarde, estarei em casa disposta a tentar outra vez. 


Compartilhe se gostou