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sábado, 13 de julho de 2013

Chega de tentar




Para minha surpresa, você me ligou, eu hesitei um pouco mas atendi. Foi um diálogo rápido: 

- Estou com saudades.
- Não, por favor.
- Estou com saudades.
- Para. sem essa.
- Você sabe onde eu vou estar, vem, por favor. Estou com saudades
- Não é cer...
TUTUTUTUTU

Você desligou, não me deixou terminar, mas a sua voz não saiu da minha cabeça.  Eu também estava com saudades. 
Parecia que ia ser fácil me livrar de você, eu só precisava mexer um pouco dentro de mim, achar as lembranças que havia escondido, pegar tudo, lixo e fim. E foi ai que me enganei, no meio da bagunça, eu esbarrei em você, meio sem querer, uma lembrança qualquer entre a primeira vez que falei com você e a última, ou seja, tudo que vivemos. Eu sabia que não me faria bem e eu tinha decidido desde que você se foi que "eu primeiro, depois você", isso se viesse você, porque não deveria ter você.  

Até deu saudades, mas não te liguei, sabia que não deveria. É, eu tinha seu número ainda (apagar da memória interna é mais difícil que apertar uma tecla e excluir do celular) mas me segurei em digitar aqueles números outra vez. 

 Eu também queria te ver e agora sabia onde te encontrar. Pensei muito, pensei tanto que quase desisti. Mas por fim liguei o foda-se e seja o que Deus quiser. Eu fui. Não quero pensei no que achariam. Eu fui. 

Continue repensando a ideia durante todo o caminho. Você estaria no nosso restaurante preferido, na hora do almoço como de costume. Mas agora parecia tão errado. Olhei da porta e lá estava você, encostado no balcão como da primeira vez. 

Droga, minha camisa favorita. Droga, a aliança da outra. Droga, menina o que você  está fazendo? Volta, que isso não vai acabar bem. É melhor voltar. Isso, boa garota. 
Virei e já ia fazer o caminho de volta. Eu estava decidida quando senti uma mão me puxar pelo braço. 
Droga, desse jeito não. Droga, não essas mãos.  "Ei, não vai. Estou com saudades." Droga, não essa voz. Me virei e droga outra vez, meus olhos encontraram os seus. Eu também estava com saudades. Do seu olhar. Do seu abraço. Da sua voz. De nós dois sendo um só. 

Não aguentei. Me rendi.

E agora estou aqui pensando na burrada que eu fiz. Eu não consigo resistir. Meu sorriso pra você sai fácil, mais rápido do que consigo me controlar. Nós dois não conseguimos nós controlar  na verdade, olha só onde paramos. Nós dois outra vez na mesma cama. 

Logo eu, tão correta, me deixando levar pelos seus passos tortos. Eu nem deveria ter vindo e você sabe. Não deveria ter existido aquele olhar, aquele beijo e nem todo o resto. Para você parece tão fácil, mas não pra mim, eu não consigo fingir que aquela aliança não está ali.

Você vem cheio de promessas, cheio de amor, mas não dá para remendar o que foi rasgado da maneira como rasgamos. Pode ter tudo como da primeira vez, mas não é mais a primeira tentativa. Não tem nós, tem muita gente nessa, não somos mais só eu e você, precisamos entender isso. 

Ah, e eu  espero que tem alguma Carla no seu trabalho, quando eu estava saindo chegou uma  uma mensagem dela no celular e eu respondi dizendo que você havia esquecido o celular em cima da mesa quando saiu para almoçar. Desculpa, não resisti. 

Beijos e não me liga mais. Não, não tem por favor, é uma ordem. 

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