Foi estranho acordar hoje e não encontrar você do meu lado.
Levantei, meio me arrastando e lembrando que você também não estava na festa da noite passada, e muito menos me trouxe para casa.
Conferi o meu celular, e é claro, mais uma vez você não estava lá; não tinha nenhuma mensagem me avisando da chave que você jogou por baixo da porta para não me acordar.
Não tinha sua xícara de café em cima da bancada da cozinha, só a minha xícara do café de ontem, sozinha na pia esperando ser lavada.
O imã com nossa foto juntos estava sozinho na geladeira, não tinha nenhum bilhete seu me lembrando do quanto você me ama.
Não tem peças de roupa suas em cima do sofá, na verdade não tem mais nenhuma roupa sua aqui, você levou todas depois da nossa última briga.
Me lembro bem da nossa última briga, começou como sempre, sempre o meu ciúmes bobo.
Eu me lembro de você jogando suas roupas dentro da mala enquanto eu gritava querendo saber quem era a vadia que estava te ligando, você sempre muito paciente se manteve quieto, me deixando falar, ou dar o meu show, como você costumava dizer.
Lembro exatamente de quando você parou pertinho da porta, me olhou ajoelhada no sofá, o nosso sofá, e disse que estava tudo acabado, que eu não tinha mais jeito e que você estava cansado das minhas falsas promessas.
Suas palavras que conseguiram enfim me calar, e os meus olhos só pediam que você fosse logo já que queria ir, que você passasse logo da porta e me deixasse chorar, não estava mais aguentando segurar as lágrimas.
E você mais uma vez pareceu ler meu olhar, abriu a porta e disse suas últimas palavras: "Eu vou seguir a minha vida e você segue a sua, e aproveita para me esquecer." Minhas lágrimas presas enfim caíram e tudo que consegui falar enquanto você batia a porta foi: "como se isso fosse fácil...”
Como se eu fosse me acostumar a sentar no sofá sozinha sem seus braços, como se eu fosse me acostumar ao despertador no lugar do seu bom dia, Como se fosse fácil eu construir uma nova rotina quando minha rotina era você...
