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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

É tudo verdade (emprestada do Cazuza)



Talvez você não me leve a sério. Talvez você ria quando eu te disser e ache que tudo não passa do meu show, aquele show, sempre o mesmo show para conquistar menininhas por ai.

Provavelmente você vai jogar o cabelo para o lado e me olhar certeira como quem tenta me decifrar. Você ficará por alguns segundos me olhando fria, sem reação, enquanto eu despejo em você o caminhão de coisas que por um tempo eu guardei. 

Você pode até não entender e duvidar, mas você precisa saber que eu tenho um amor como o Cazuza teve. Mas diferente do dele, nossos destinos foram traçados naquela balada vazia de uma sexta à noite, incomum e meio fora do padrão, como somos nós dois, mas foi enquanto você dançava na pista vazia que eu me apaixonei. 

Não foi pelo tamanho do seu vestido ou pela forma como você olhava para as poucas pessoas que estavam a sua volta, foi porque você estava totalmente entregue a sua dança, sem se preocupar com quem te olhava ou deixava de olhar. Você ria e o cabelo balançava, talvez fosse álcool, mas eu prefiro acreditar que só felicidade estava em excesso. 

Eu, como Cazuza, também sou um exagerado quando se trata de amar, eu me entrego como você fazia a sua dança, eu não quero saber quem está olhando enquanto eu te levo rosas roubadas que talvez sejam apenas para provar as verdades que te disse e não as mentiras. 

Talvez você esteja pensando que são só desculpas para destilar terceiras intenções, mas com toda educação, eu tenho quartas, quintas, milhões de intenções com você. Eu quero provar seu sexo como professor e aprendiz, testar te amar todos os dias pela manhã, tarde, noite, todos os dias enquanto houver amor nessa vida. Você vai ser a minha escola e nem precisa me buscar porque eu já estou aqui, por conta própria entregue e totalmente jogado aos seus pés. 

Se Cazuza queria uma ideologia para viver eu só quero, e preciso, dizer que eu te amo que eu te perca ou de ganhe, mas que você saiba. 

Eu adoro um bom amor inventado, meu amor, então podemos inventar o nosso sempre, daqui até a eternidade,  como o Cazuza um dia disse. 

E  Cazuza, meu bem, Cazuza sabe o que fala.

domingo, 18 de agosto de 2013

Terça cinzenta


Era só mais uma terça feira fria na cidade que é quente nas entrelinhas, nos casais apaixonados que cruzam as ruas, nos os olhares que se cruzam cheio de boas (ou más) intenções e por que não na Rua Augusta?

Era uma manhã fria, de céu nublado, onde as pessoas andam com pressa em busca de um lugar quente param se abrigar, pode ser uma galeria cheia de coreanos ou até mesmo um coração. Eu sempre procuro corações para me abrigar no coração financeiro da cidade, a Avenida Paulista. Seria uma típica manhã fria. Pessoas com pressa, mãos nos bolsos e  cabelos que não se entendem com o vento. Seria se não fossem aqueles olhos ou aquele belo sorriso acima da echarpe vermelha.

Era o caminho comum que eu fazia questão de cumprir metodicamente. Estação Trianon-Masp, um café do Starbucks e uma caminhada a passos curtos até a redação. Mas no meio do caminho havia não uma pedra, mas o sorriso tão lindo que a dona parecia estar vendo um dia colorido diferente daquele céu cinza. Poderia ser apenas uma bela moça com quem cruzei, como aquelas que passam por mim todos os dias no metrô ou na rua, mas ela tinha um algo que me dizia que eu deveria falar com ela. 

Sem pensar duas vezes, entrei no Starbucks e comprei dois cafés, um para mim e outro pra ela. Pedi que se no dela "para o sorriso mais bonito".  Quando retornei a rua ela já estava um pouco longe, reconheci a echarpe vermelha e os passos leves de quem parecia flutuar. Corri até ela com nossos cafés em mão (confesso que até agora não acredito que fiz isso, logo eu tão tímido. Logo eu, oferecendo um café a uma desconhecida, meus amigos não acreditariam se vissem.).
Dei bom dia e estendi a mão oferecendo o café, ela abriu ainda mais aquele belo sorriso e aceitou o café. 
- Leandro.
- Ana.

Ana. Esse era o nome simples do mais lindo sorriso. O sorriso que eu não esqueceria mais. Contei a ela que seu sorriso havia me chamado atenção, que não era comum ver as pessoas sorrindo em plena manhã fria na Avenida Paulista (deveria ter contado também que não era comum eu oferecer cafés a estranhas, na verdade não era comum eu tomar atitude quando o assunto era mulheres). E então ela me revelou o motivo do belo sorriso, ela estava indo encontrar o namorado que havia chegado de uma viagem de três meses.

O que coloriu o dia dela, por algum tempo o nosso, voltou a deixar triste o meu. Então o sorriso tinha um destino certo? Ele não me acompanharia para o resto da vida como eu havia imaginado? Não, iríamos juntos apenas até a próxima quadra. Sim, fiquei decepcionado, mas não arrependido.

Agora o sorriso dela havia ganhado mais um motivo para estar ali, foi o que ela me disse. Aquele belo sorriso que eu nunca mais vi, ou sei se ainda existe, eu nunca mais esqueci. Em toda e qualquer manhã fria, eu imagino que Ana estar por aí colorindo dias com seu belo sorriso como coloriu e descoloriu o meu naquela fria manhã de uma terça feira (quase) qualquer.

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