Para onde vão as princesas?

Eu acreditava até os oito anos aproximadamente, que princesas como nos livros existiam e que eu era uma princesa perdida e que um dia me levariam de volta ao meu reino - doce inocência infantil-, eu tinha certeza de que tudo aquilo era verdade. Eu não necessariamente acreditava em príncipes, amores eternos, mas acreditava nas princesas, algo nelas me fascinavam e certamente não eram os vestidos, que eu achava que deveriam incomodar e pesar. 

E eu sei exatamente o que me fascinava, era o fato delas mudarem suas vidas, superarem obstáculos, correm atrás de seus sonhos, e alcançar o seu final feliz, eu só achava meio desnecessária a companhia essencial do tal príncipe a cavalo - eu era uma mini-feminista-. Talvez eu até acreditasse no príncipe, mas o meu príncipe certamente gostaria de ler, ir ao teatro, ouvisse MPB, entendesse de segunda guerra mundial e me fizesse rir, e eu não sei por que estou conjugando os verbos no passado se ele ainda é assim. 

Mas em algum lugar, não sei bem onde, nem como acontece, as princesas se perderam, as deixei de lado, esqueci a promessa do final feliz e me tornei eu, não mais uma princesa, apenas eu e fui encontrada pelo meu reino, é o mundo real. 

Mas nunca deixei de pensar para onde elas foram depois que as esqueci? Onde elas vão morar depois que as despejei do meu mundo fantasioso? Porque eu as esqueci? 

Eu cresci e descobri que nem tudo é tão fácil, que fadas madrinhas não surgem e realizam desejos, e nem todo mundo é só feliz. 

Na verdade as princesas nos deixam exatamente quando devem nos deixar, no momento certo. Ela nos deixam mais em nós mesmas, onde já aprendemos com elas a não abandoar nossos sonhos, a lutar sozinha, a não depender unicamente de alguém. 

E na verdade não deixamos de acreditar nelas, elas nos passam a coroam e nos tornamos como elas, mulheres que sonham e comandam suas vidas. Somo princesas do século XXI que não esperam um príncipe, e nem ninguém, para fazer sua vida acontecer.