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domingo, 18 de maio de 2014

Outra Forma de amor


Acho que foi enquanto tomávamos café, naquela noite depois do serviço.
Sempre fazíamos isso, você sentava em uma ponta do sofá, eu sentava na outra, esticava minha perna sobre você e conversamos sobre o nosso dia.

Minha caneca, sempre cheia porque você dizia que o meu copo da vida sempre estava meio cheio. Era aquela que você me deu de presente em um dia qualquer.

(Gostávamos de surpreender,  dizíamos que aumentava o  amor e evitava a rotina).

Você escreveu nela um "te amo" grande, porque disse que ele deveria ser do tamanho do nosso amor e ele era.Com o tempo o te amo começou a sumir, ficar meio apagado, eu já nem o percebia ali.

Você contou uma piada e eu ri, suas piadas sempre péssimas, mas que me tiravam o riso fácil pela forma inocente e natural como você contava, como você era.

Você conta piadas ruins como se fossem ótimas, ri de um jeito meio escandaloso, anda meio rebolando e tem vergonha quando te olham por muito tempo, tudo isso de forma natural e inocente que me conquistou desde a primeira vez que coloquei os olhos em você. Teimosa como é, sempre bate o pé quando dizem isso, diz que não é nada inocente e olha para mim procurando minha confirmação. Eu apenas dou risada e fico tão vermelho quanto você.

"Está maluca que vou confirmar isso em público?!".  Era o que eu costumava dizer.
 
Mas voltando, foi enquanto tomávamos nosso café que eu percebi que nosso amor é cheio, é bonito, é admirável.  Mas nossa paixão, ou desejo, como preferir,  mas falo do que faz de um casal de amigos um casal de namorados sabe? Então, anda tão imperceptível quanto o eu te amo da minha xícara.

Quem passar por nós dois na fila do Mc Donalds vai dizer que o desejo acabou. Vão dizer que tem respeito, tem carinho, mas paixão? Aquela vontade do outro? Isso não tem mais, acabou. 

E quem nos ver andando pela Paulista em uma tarde de sábado vai dizer que somos grandes amigos,  irmãos talvez. Mas namorados? Namorados não mais.

De tanto fugir da rotina no nosso relacionamento fomos engolidos por ela. Nós perdemos essa pequena. Perdemos a batalha, mas não a guerra. 

(Agora é a hora que você ri, da minha filosofia barata) 

Mas não perdemos tão feio assim,  porque restou amor. De outro jeito, em outro contexto,  mas ele ficou. 
Então não se desespere, não faça as malas, não grite que não volta mais. Fique. Fique como o amor ficou. Talvez a paixão tenha ido  tomar uma xícara de café,  respirar outros ares e já volta.

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