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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Nonsense



Talvez eu possa dizer que tenho 10 e poucos anos. Por uma questão de lógica pura, se 29 é 20 e poucos, nada mais justo que 19 ser 10 e poucos, ai parece muito sendo pouco.

Eu gosto de medir as coisas em pouco e muito. Gosto de verdade. Gosto de saber se a pessoa me ama pouco ou muito. Se estou pouco ou muito feliz. Sou tão pouco e muito que são as únicas medidas existentes pra mim. Sem essa de mais ou menos. Ou é pouco, ou é muito. Tudo ou nada.  Sem meios termos, por favor!

Eu gosto de gente que fala palavrão para dar intensidade a fala. Porra, é sem meios termos. 

Eu gosto de conversa escrachada na madrugada ou ao meio dia. Eu gosto de conversa com olho no olho e sorriso na boca. Eu gosto de conversa, simples. Me acorde as 4 da manhã com um bom assunto e eu acordarei sorrindo. Me envolva às 3 da manhã em uma boa prosa e eu não dormirei até que o assunto chegue ao fim.

Gosto tanto de falar que não me bastou e resolvi escrever. Escrevo quando o espaço em mim fica pequeno para tanto eu, ai eu me trasbordo e encho umas páginas. Quando me sobra espaço, eu escrevo também. Escrevo para me preencher, me fazer bem. Me faço embriagar com umas historias nonsense, me faço acreditar em uns amores impossíveis, me faço morrer entre a primeira e a última linha. Me faço viver uma vida em minutos. Eu me faço, me refaço e ainda divulgo na internet.

Aliás, tenho mania de morrer. Morro sempre. Morro quando escrevo, quando durmo, quando me imagino ilustrando capas de jornal de quinta em um crime fatal. Eu morro enquanto ainda vivo. Parece um instinto suicida mas não é, parece drama, mas só parece, porque uma amiga uma vez disse que sou uma dessas pessoas apaixonadas pela vida, olha que ironia. Essa é mais uma das minhas ilusões de transbordamento. Me cansei de mim e resolvi me colocar pra fora, assim em uma tarde nublada, dessas que me dão tédio e me esvaziam a alma. Alma que não sei se tenho mais porque eu morri. Morri de tédio durante as últimas três horas.

É, de novo minha mania de morrer. Porque eu morro mesmo. Morro de amor. De ódio. De rir. De chorar. De vontade. De desejo. Eu morro. Porque morrer faz parte da minha teoria do muito ou pouco. Eu poderia apenas desmaiar, mas isso é pouco para mim, então eu morro. 

Mas não se preocupe, porque eu como uma boa apaixonada pela vida também vivo. Vivo me distraindo por ai, amando em esquinas, batendo em quinas, sofrendo umas dores bobas, umas desilusões imaginarias que me levam a textos depressivos e traumas não sofridos. Eu vivo partindo meu coração também, em pedaços que entrego as pessoas que chegam até mim, como se ele você um cartão de visita. Mas eu coloco no bolso delas sem que elas percebam, afinal fica estranho chegar e dizer ‘Toma, um pedaço do meu coração, leva e coloca na sua sala como decoração.” Ah, eu morro com rimas, morro de rir e morro de raiva, é tudo tão babaca. E depois que começa parece que não para. Rima, rima, rima. Tudo rima, uma hora tem que rimar. Uma hora faz sentido. Aquela pessoa, aquela música, aquele linha escrita na pressa. Uma hora vai. Segurando na mão de Deus ou não.

Está aí algo que não faço mais, segurar na mão de Deus. Calma, eu fui criada em um lar cristão, amém e pai nosso na hora de dormir, mas ai eu cresci não é? Cresci e criei meu próprio Deus, uns falam que é loucura, outros entendem, mas o importante é que eu e ele nos damos muito bem. 

Agora, sobre crescer, eu não cresci muito, na verdade, porque um e cinquenta e oito nem é média nacional, fala sério! Tudo por dois centímetros, dois míseros centímetros e tenho que aguentar piadas sobre altura pro resto da vida.

Ai como eu me perco quando falo de mim. Me perco, me acho e no fim dou risada. Porque falei, falei e no fundo não disse nada. Eu sou assim, uma falante compulsiva, prazer!


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