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domingo, 3 de agosto de 2014

Preciso te dizer até mais

Olha, você sabe como sou desajeitada com as palavras e não sei falar verdades de uma vez (você costuma dizer que eu amenizava tudo, colocando um pouco de açúcar e mel, pra passar pela garganta mais fácil).

Eu te contei várias vezes como não suporto finais e você aprendeu a me distrair quando o filme acabava, pausa antes das letras subirem e inventava uma continuação comigo. Aprendeu também que eu não assimilo nada em volume alto, nem música,  nem tv (e muito menos suas crises).  Entendeu depois de muito custo que o feijão vai em cima do arroz e não ao lado.  Decidiu jogar sua mini farmácia fora e aderiu ao meu remédio pra tudo, chá.

(Você cuida de mim.)

Mas, sabe o que é. Não,  não é sua mania de comida saudável.  Não,  também não é o seu pé gelado que insiste em colocar no meu durante a noite. Muito menos a sua impaciência com os meus atrasos. Sabe o que é?  Bem, eu não sei o bem o que é,  mas é.

É uma tristeza infinita que toma conta quando não estou com você.  É o descuido que tem, apesar de todo cuidado, quando fala comigo. São as suas explosões que ocorrem sem porquê e nem sempre pra quem deveria ser. Não,  por favor, não me entende mal. Eu gosto de cuidar de você, amo ter sua cabeça em meu colo, acariciar seus cabelos e te escutar falar de como sua mãe te cobra um emprego melhor. Eu gosto de sentar no sofá as quartas feiras, vestindo sua camiseta do Palmeiras e  não me importo que minha família inteira seja corinthiana, gosto mesmo é de ver seus olhos brilhar quando me vê nela. Eu fico ali, quietinha entra suas pernas, vibrando os gols e dando alguns palpites que te fazem rir (Aliás, eu entendo muito de futebol, mais que seu amigo o Paulo,  mas eu gosto de te ver explicar como se fosse física quântica.). Eu não me importo de perder meu programa preferido em outro canal, sabe por quê?  Porque eu não me importo com mais nada quando tenho você é aí que está o erro.

Eu deveria me importar.  Não com a conta de luz que você esqueceu de pagar e acabou com o seu vídeo game na última fase, mas nos rendeu uma noite incrível na mesa da sala de jantar. Nem com a sua ex que está sempre por perto e muito menos com o meu chefe dando em cima de mim. Eu deveria me importar comigo, sabe? 

Eu sei que você faz isso por mim e eu por você, eu entendi todo o lance de sermos elos da mesma  corrente. Mas sabe a Tati, aquela minha amiga que você decretou guerra porque sim? Você lembra que ela é minha melhor amiga não é?  Então,  ela me ligou semana passada, me pedindo pra lembrar que ela existe e que ela precisa de mim por perto.  Sabe o meu priminho que você tem paixão? Então,  ela já mudou de faixa no judô, ligou pra contar algumas vezes mas meu telefone só dava ocupado.  Ah, eu também passei na casa da minha mãe ontem depois do trabalho, é, você não me deixou explicar, mas é isso, eu estava com meu chefe. Ela me perguntou se eu estava bem, eu disse que estava ótima e ela me respondeu que ficava feliz de me ver assim, amenizada a saudade de mim.

Eu sei e reconheço tudo que fez por mim, por nós.  Eu entendo que largou aqueles free lances pra ter mais tempo pra mim.  Me escuta. Não grita.

PARA DE GRITAR.

Não chora, não chora. Por favor, eu preciso fazer isso, é por nós dois. Eu levei a sério demais esse lance de ser sua, me tornei exclusividade sua e eu preciso voltar a ser parte de mim.

Eu odeio finais e não posso dizer adeus, quero que lembre da gente como algo bom. A vida é um moinho, meu amor, quem sabe a gente ainda não se cruza.  Eu poderia dizer até mais, falar sobre seu ciúme, seu egoísmo sutil ou sua falta de confiança em mim, mas eu não quero adiar como fazia com meus filmes,  preciso te dizer, até breve.

(Ah, eu fiquei com a camisa do palmeiras e coloquei meu livro preferido na sua mala, pra lembrar que sempre serei sua em alguma parte.)

Um comentário:

  1. Eu já disse que continuo amando tua escrita? :3
    Muito amor! Lindimais ♡

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